O público LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) de Belo Horizonte ganhou um aplicativo (app) de transporte. O app conecta motoristas e passageiros LGBT+ e, segundo os criadores, dá mais conforto e segurança à comunidade.
De acordo com o sócio-próprietário da startup belo-horizontina que criou o app, Thiago Vilas Boas, o Homo Driver foi lançado nesta segunda-feira (17) e, em menos de 24 horas, cerca de mil downloads foram feitos – 800 passageiros e 200 motoristas.
A ideia de fazer o app surgiu, segundo ele, depois de fazer observações sociais sobre a melhoria do transporte e da mobilidade urbanos para os LGBTs. “Alguns pilares de melhorias sociais precisam ser feitos e desenvolver um aplicativo para essa comunidade traz mais segurança e empatia”, defendeu Vilas Boas.
O executivo disse ainda que o projeto começou a ser feito em janeiro deste ano com o desenvolvimento do plano de negócios e de pesquisas do mercado LGBT, por exemplo, com a participação do sócio Gerson Almeida. De início foram investidos R$ 200 mil na criação tecnológica, mas com o lançamento e as campanhas de divulgação e publicidade esse valor subiu para R$ 500 mil.
Conforme Vilas Boas, o app lançado em Belo Horizonte será estendido para as principais capitais brasileiras a partir de janeiro de 2019. Em seis meses, ele disse que quer atingir a marca de 10 mil downloads.
“A gente sabe das dificuldades que os travestis e os transgêneros têm em conseguir emprego. O mais legal é a parte social, poder mudar na prática a vida da comunidade LGBT. Não se trata de segregação. É a personalização de um mercado porque existe uma parte excluída. É uma sementinha lançada para a mudança, para a aceitação da comunidade LGBT”.
O app pode ser baixado pelo sistema Android. Para IOS será lançado na próxima segunda-feira (24).
Igualdade
De acordo com a idealizadora e coordenadora geral da Transvest de Belo Horizonte, Duda Salabert, o lançamento do app é necessário por dois pontos. “O primeiro ponto porque ele vai dar empregabilidade ao público LGBT uma vez que a LGBTfobia está no mercado de trabalho expulsando as pessoas LGBTs”.
Ainda de acordo com ela, 90% das travestis e transexuais não conseguem empregos formais e precisam trabalhar na prostituição.
“O aplicativo é importante porque muitos motoristas encarnam a LGBTfobia com os transexuais e com as pessoas LGBTs. O aplicativo dá segurança porque as pessoas não serão violentadas física e simbolicamente. Pressupõe-se que haverá mais respeito”.
Duda explicou que a violência simbólica se manifesta por meio de olhares e gestos, por exemplo. “A violência começa já no olhar. As pessoas transexuais são violentadas por olhares, o que acaba sendo uma barreira”.
A ativista disse ainda que não considera uma segregação a criação do aplicativo, mas sim uma medida paliativa. “É um paliativo enquanto não temos uma demanda ao respeito e à diversidade. O errado não é o aplicativo, o erro é não acontecer um debate sério sobre os LGTBs nos espaços sociais”, falou Duda.
Para ela, o app além de dar mais segurança ao público LGBT também vai dar mais conforto. “Um casal LGBT não se sente à vontade para demonstrar afetividade em um transporte comum, não pode se beijar”.
Ela ainda destacou a importância do aplicativo e disse que é mais um espaço para o público LGBT. “Ele não segrega, ele possibilita ilhas de respeito”, definiu.
Do G1 Minas
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