Preston "Wexx" So, Mr. Rubber Internacional conta sua história e sobre o Mister Rubber Brasil ao BLUBR

Preston “Wexx” So um dos organizadores do evento Mister Rubber Brasil, conta um pouco de sua história, fala sobre os desafios vividos pela comunidade LGBTQ+ no Brasil, barreiras vencidas pelos fetichistas no país, reconhece Dom Barbudo e DOM PC nos avanços e encorajamento da comunidade brasileira. Confira:

Conte-nos brevemente sua história no rubber.

Soube que tenho um fetiche por látex quando tinha 12 ou 13 anos de idade, mas só comecei a usar látex no ano 2010 e me envolvei na comunidade rubber em 2012. Porém, como todo mundo, tenho uma história de origem que se desenvolveu de outros fetiches e interesses. Na infância, lembro bem que sempre passava as folhas do Livro Guinness dos Recordes e olhava aos atletas vestidos de toda forma de spandex, particularmente os ciclistas e os velocistas sobre gelo (speedskaters) nas páginas sobre as Olimpíadas. Mais tarde, comecei a desenvolver um interesse em roupas de mergulho, wetsuits e neoprene além de singlets e regatas de luta livre. Uma das experiências mais antigas foi encontrar uma luva de motocross que alguém tinha perdido e sentir o cheiro único de couro e suor que surgia. Iniciei também meu envolvimento em sites antigos que muitos de nós lembramos como o AndyELycra, GearFetish e WetsuitLads, que antecederam a existência de sites de fetiche importantes como o Recon e outros.

Enquanto cursava na faculdade em Boston, conheci pelo Recon o falecido Jason Lynch, que era o então Mr. Rubber Nova Inglaterra e Mr. Rubber Internacional e que me apresentou à comunidade rubber na Nova Inglatera. Naquela época, estava passando por um período muito difícil quanto à minha saúde mental e auto-aceitação, e ele me convidou a participar do meu primeiro evento do Mr. Rubber Nova Inglaterra em Provincetown, onde fiquei surpreendido pela maturidade e cordialidade da comunidade. Não sabia que existia uma cena tão grande na Nova Inglaterra e logo comecei a participar de outros eventos regionais como o Snowbound, também em Provincetown. Depois de me formar, continuei cultivando meu fetiche e aumentando a minha coleção de látex (além da minha coleção de spandex e neoprene), e em 2016 resolvi me candidatar ao título do Mr. Rubber Nova Inglaterra 2016. E mais tarde naquele mesmo ano, como o representante da Nova Inglaterra no concurso Mr. Rubber Internacional de 2017, tive o orgulho de trazer o título para casa à Nova Inglaterra e de ser o primeiro titular internacional masculino de herança asiática.

Preston, a cena fetichista no Brasil e sua comunidade há anos atrás, não se mostrava como atualmente, com muitos se mostrando e lutando pela causa. Na sua opinião, o que explica essas mudanças?

Essa é uma pergunta difícil! Acho que é um conjunto de duas tendências diferentes. Primeiramente, a comunidade fetichista brasileira tem estabelecido ligações significantes com a comunidade fetichista internacional graças aos esforços da comunidade leather do Brasil e vozes importantes como o Dom Barbudo e o Rafael Maciel, entre outros, que viajaram a lugares como Berlim e Chicago e mostraram que a comunidade brasileira conta com muitos recursos para ensinar e oferecer ao mundo. Em segundo lugar, acredito que junto com o aumento de homofobia no mundo todo e o crescimento da extrema direita na Europa e nas duas Américas, está se tornando mais importante ainda que somos visíveis e orgulhosos de quem somos. Embora seja uma mera coincidência, é importante também que estamos organizando o concurso inaugural do Mr. Rubber Brasil poucos dias depois do segundo aniversário do tiroteio no clube Pulse em Orlando e no Dia Internacional de Látex.

Você acredita que o movimento fetichista brasileiro, atuando e se mostrando é uma forma de reagir e dizer “estamos aqui”, “aceitem-nos”, em tempos que a sociedade desse país assume o preconceito nunca escondido?

Acredito sim. Acredito que apesar do fato de o Brasil contar com a maior parada gay no mundo que acontece em São Paulo e ter uma longa história de igualdade matrimonial, a sociedade em várias regiões do Brasil permanece muito para trás. Quando eu morei pela primeira vez no Brasil, que considero meu segundo país, vivia numa cidade pequena em Minas Gerais onde perspectivas conservadores ainda são comuns. Era chocante durante a última eleição ver tantos amigos queridos meus expressando seu apoio por Bolsonaro, particularmente levando em conta que alguns dos nossos amigos mútuos são gay e vivem em Minas Gerais. É a hora de mostrar a todo mundo, não apenas os que têm a sorte de morar em São Paulo ou no Rio de Janeiro, mas também os que vivem em áreas rurais do Tocantins ou Mato Grosso do Sul ou Bahia, que estamos aqui apoiando eles e que nunca nos esconderemos. Espero que eles nos vejam na internet e saibam que não estão, e nunca estarão, sozinhos.

Vemos o movimento leather com muita força e muitos novos rostos nos encontros, como você vê o rubber após o Mr Rubber Brasil?

A minha esperança é que a comunidade rubber se torne mais visível como uma voz importante na comunidade fetichista brasileira em si e que os rubberistas no Brasil se tornem mais ativamente visíveis. Ainda me lembro da visita que fiz a São Paulo ano passado para participar da festa Rubberzone, onde o Luh Rocha e outros estavam demonstrando play de vácuo, a energia estava alta, e havia muita emoção quanto ao futuro da comunidade rubber no Brasil. Acredito que a comunidade rubber vai continuar passando pelo mesmo crescimento e evolução que a comunidade leather tem passado no Brasil. A minha esperança também é ver mais encontros, mais festas e mais noites nos bares pela cena de fetiche inteira de São Paulo e também em outras cidades brasileiras. Também espero que este concurso nos leve a conhecer muitas mais pessoas em eventos de rubber e outros eventos de fetiche em São Paulo, inclusive no vindouro São Paulo Fetish Pride.

Mais importante ainda, espero ver o tipo de desenvolvimento que tem sido difícil para tantas comunidades alcançarem os objetivos em termos de não apenas divertir-se mas também entender as experiências de novos fetichistas e dar-lhes boas vindas à cena de fetiche. A visibilidade que um concurso e um título fornece constitui uma das maneiras mais eficazes de novas pessoas se sentirem que têm uma figura em que possam confiar e um exemplo de que consigam se inspirar.

Por que o evento e eleição do primeiro “Mister Rubber Brasil” é importante?

Uma eleição verdadeira solidifica uma comundiade de fetiche como suficientemente madura e desenvolvida para contar com uma presença significante por trás. Os Emborrachados, o grupo de rubberistas brasileiros, tem passado por muito crescimento nos últimos anos desde a minha visita ao Brasil como Mr. Rubber Internacional de 2017. Ainda me lembro da agitação em volta da minha visita a São Paulo em agosto de 2017 e o entusiasmo que veio com a festa de rubber inaugural que aconteceu no Eagle São Paulo. Àquela noite, participantes vieram não apenas de São Paulo e do interior de São Paulo más também do Espírito Santo e de Minas Gerais, um fato que era extraordinário e mostrou uma energia incrível na cena de fetiche brasileira naquela época. A primeira eleição do Mr. Rubber Brasil mostrará que o Brasil é um dos nexos mais importantes de fetiche no mundo e particularmente uma das comunidades mais crescentes no mundo.

O que você espera após esse acontecimento no Brasil?

Muitos sabem que a minha missão durante meu ano titular como Mr. Rubber Internacional de 2017 era rubberizar o mundo (#RubberizeTheWorld). Entre os meus objetivos mais importantes era expandir a comunidade rubber internacional para lugares onde nunca existia antes. Fui o primeiro MIR a visitar o Taiwan, a Polônia, o México, a Austrália e o Brasil, entre outros países sem eventos oficiais como a Índia. Porém, o Brasil em particular ocupa um lugar muito especial no fundo do meu coração, porque morei em Minas Gerais quando era adolescente e dei aulas de inglês na Zona Norte de São Paulo. Meu sonho para cultivar as comunidades rubber no México e no Brasil já está realizado e minha missão está cumprida. A minha esperança agora é continuar a transferir todo meu conhecimento e experiência à comunidade rubber brasileira para que continuemos acrescentando à fundação que já construimos. Sei que junto com meus coprodutores, Marc Vini e Guto Lemos, continuaremos assegurando que o evento permaneça em boas mãos.

Sempre tenho acreditado que a função mais importante de um titular é possibilitar a outros fazerem o que não achava que pudessem antes e apoiá-los enquanto desenvolvam si mesmos e suas comunidades. O crescimento e a maturidade que tenho visto na comunidade rubber brasileira e particularmente no grupo Emborrachados é nada menos que um milagre. Espero que a comunidade inteira agora contribua com mais esforços a organizar eventos e encontros, concursos e passeios pela rua, além das sessões e festas particulares já comuns no Brasil.

Você, Dom Barbudo, DOM PC, Guto Lemos, o casal Fabrício e Ricardo e outros da cena fetichista brasileira são precursores do movimento fetichista no Brasil. Que futuro e frutos você espera ver daqui alguns anos?

Me deixa totalmente sem palavras e profundamente honrado ser incluído em uma lista tão incrível de precursores na comunidade fetichista brasileira, particularmente como não brasileiro de nascimento que considera o Brasil seu país adotado. Quando eu penso no que a comunidade no Brasil tem realizado nos últimos anos, meus olhos se enchem de lágrimas. Seria negligente não mencionar o trabalho inacreditável de todo mundo no grupo Emborrachados, inclusive os mantenedores Luh Rocha, Marc Vini e Ricardo Lima, que tem guiado a organização tão eficazmente ao longo dos últimos anos. O que temos realizado é uma inspiração não apenas a novas comunidades mas também às comunidades estabelecidas que agora conhecem a nossa abordagem unicamente brasileira de fetiche.

O futuro da comunidade fetichista brasileira é luminosa e brilhante, graças ao que nossos precursores têm feito e o que continuamos fazendo até hoje. A minha esperança é que o Brasil seja visto como um nexo importantíssimo na comunidade mundial de fetiche. Adoraria ver São Paulo considerada um destino no mesmo patamar que Berlim, Amsterdã, Paris, Chicago, San Francisco e Nova York. Como a maior cidade das duas Américas, São Paulo é cheia de promessas como um centro de fetiche na América do Sul e um destino essencial na América Latina em geral, ao lado da Cidade do México. Meu sonho, que agora acredito que vai ser realizado daqui poucos anos, é que vejamos mais visitantes do exterior, mais concursos, mais novatos, e o mais imporante, mais brasileiros entrando na comunidade de fetiche aqui com a confiança e o apoio para realizar o mesmo impacto que temos realizado nos últimos anos. A minha esperança é que um dia no futuro, a comunidade fetichista no Brasil seja tão rica e multifacetada e diversa quanto as comunidades nacionais nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Alemanha.

Vocês divulgaram vários famosos fetichistas como convidados e jurados para o “Mr Rubber Brasil 2019”, como foi o processo de escolha? Eles aceitaram prontamente?

Nós como a equipa organizadora tem tomado algumas decisões muito importantes quanto ao corpo de jurados que asseguraria que os jurados sejam representativos não apenas da diversidade da comunidade fetichista brasileira mas também vozes importantes do mundo todo. Primeiramente, queríamos que a maioria dos jurados seja do Brasil, pois é importante que um concurso nacional se foque na comunidade regional. Estamos na lua por contar com o envolvimento de vozes importantes na comunidade brasileira como Heitor Werneck, Guto Lemos, Rafael Maciel e Morgana Marone, todos deles tendo feito trabalho incrível para aumentar a visibilidade da comunidade de fetiche no Brasil. Além disso, contamos com mestres de contagem (tallymasters) que representam ambas as comunidades de rubber e puppy.

Em segundo lugar, resolvimos muito cedo garantir que o corpo de jurados seja diverso em relação à diversidade de gênero. A Morgana era uma das pioneiras que introduziram o látex a uma população mais ampla no Brasil como dominatrix e evangelista de látex, e concordamos que seja absolutamente necessário inclui-la como jurada. Todos os jurados aceitaram quase imediatamente e estavam ansiosos para participar do concurso inaugural do Mr. Rubber Brasil. Nossos jurados representam uma corte transversal incrível da comunidade fetichista brasileira, e não podemos estar mais felizes com o resultado.

Quais atributos os candidatos à Mr Rubber Brasil 2019 precisam ter para ser um representante da comunidade?

Muita gente tem a concepção errada de que para ser um mister rubber com sucesso, você tem que ter muitos equipamentos, viaja pelo mundo inteiro e faz muita coisa beneficiente. Porém, apenas ser um mister em si é uma maneira importante para contribuir à visibilidade da comundiade de fetiche. Sempre tenho dito que não precisa-se de um armário cheio de equipamento nem uma conta bancária cheia de grana para representar a sua comunidade. Na verdade, os que não têm essas coisas tendem a ser muito mais responsivos às necessidades da comunidade e as formas únicas que grupos marginalizados e minorias lidam com a opressão. Tenho sido jurado em concursos onde o vencedor vestiu uma só peça de fetiche através de toda etapa do concurso mas era tão impressionante durante a entrevista e as outras etapas que não havia nenhuma dúvida que poderia representar a comunidade inteira. As características mais importantes que um candidato ao Mr. Rubber Brasil tem que ter são uma vontade de ser visível, uma bondade a quem seja menos afortunados e uma capacidade de falar sobre e compartilhar o seu fetiche com qualquer pessoa que encontrar.

Uma outra dimensão da comunidade brasileira que é única é que estamos espalhados por um país que é vasto e impossível de atravessar rapidamente. Já recebemos críticas que os concursos leather e rubber estão localizados em São Paulo. Porém sempre enfatizo que os misters devem fazer o possível segundo os recursos que têm. Se isso significar que eles passem o ano inteiro na cidade natal e propagar o fetiche localmente, isso ainda é uma maneira importante para os misters contribuirem às suas comunidades nacionais. Não importa o tamanho, toda contribuição faz diferença.

Muitas pessoas gostariam de ter peças de vestuário rubber, mas nem sempre, pelo custo e (diga-se falta de opções) no Brasil, não conseguem ter ou investir em roupas, que dicas você dá pra quem não sabe por onde começar e nem onde comprar?

Infelizmente essa é uma das questões que mais me deprime e preocupa quanto aos desafios que a comunidade brasileira ainda é obrigada a enfrentar. Além de produtos de fetiche serem difíceis de achar e caros para comprar, o Brasil é também um lugar muito desafiador para negócios no mundo inteiro acessarem. Por exemplo, a nossa esperança como a equipe do Mr. Rubber Brasil era convidar algumas marcas internacionais a montarem lojinhas no local para o evento, mas o fato de que quase nenhuma marca grande despacha ao Brasil impossibilitou isso. Porém, uma das características mais maravilhosas da comunidade rubber brasileira é o quanto são dispostos a dividir seus equipamentos e ajudar a outros sentirem a sensação de látex sem ter que gastar milhares de reais por uma encomenda que talvez nunca chegue ou por uma viagem a um destino distante onde os custos tendem a ser proibitivos.

A minha sugestão a quem quiser comprar equipamentos de rubber mas não consegue acessar outros países é que peçam ajuda da comunidade regional e que vejam se existem fetichistas que estão vendendo suas peças. Para mim pessoalmente, estou sempre à disposição para trazer encomendas de rubber comigo ao Brasil de marcas europeias ou norteamericanas que despacham aos Estados Unidos, e já tenho feito isso algumas vezes. Há um pouco de debate no grupo Emborrachados sobre os limites de morar no Brasil, com alguns apoiando a noção de que deve-se ser disposto a gastar dinheiro para satisfazer um fetiche. Concordo com a ideia de que o fetiche requer investimentos significantes e não é para negar isso, mas também acredito que temos que estar sempre dispostos a dividir e oferecer a outros a chance de ter a mesma primeira oportunidade que mudou todas as nossas vidas para sempre.

Deixe suas considerações para os leitores do Blubr.

Tem sido para mim um imenso prazer acompanhar o crescimento da comunidade fetichista brasileira nos últimos anos. Agora, é sua vez. Não podemos fazer isso tudo sozinhos, e há sempre mais trabalho preciso para assegurar que estejamos visíveis e ter um assento na mesa, seja aceitação pela comunidade LGBTQ+ ou aceitação na sociedade. Da próxima vez que você pensar em abrir seu aplicativo para uma transa rápida, pense em vez disso sobre o que você pode fazer para enriquecer a sua comunidade e melhorar os resultados do que a sua comunidade regional fizer. Considere sair ao seu bar GLS usando látex, como um dos Emborrachados fez recentemente em Florianópolis. Conheça as pessoas que vivem ao seu redor não apenas por sexo mas também como amigos e membros da comunidade que têm algo para contribuir, que têm algo para dar a uma comunidade que consegue ser maior que a soma de suas partes e que é finalmente mais importante que um só indivíduo. O fetiche não tem a ver apenas com sexo; tem a ver com comunidade, e jamais podemos esquecer isso.

English

Tell us a bit about your history in rubber.

I’ve known I’ve had a fetish for rubber since I was 12 or 13 years old, but I only started wearing rubber in 2010 and became involved in the rubber community in 2012. Nevertheless, like everyone else, I have an origin story that started from other fetishes and interests. When I was young, I used to flip through the Guinness Book of World Records and gaze at the male athletes dressed in all types of spandex, especially cyclists and speedskaters in the pages about the Olympics. Later, I began to develop an interest in wetsuits and neoprene as well as wrestling singlets. One of my earliest other experiences was finding a motocross glove that someone had dropped and feeling the unique smell of leather and sweat that emerged. I began to get involved in old websites that many of us remember like AndyELycra, GearFetish, and WetsuitLads, all of which preceded the existence of important fetish sites like Recon and others.

While at university in Boston, I met the late Jason Lynch on Recon, who at the time was Mr. New England Rubber and Mr. International Rubber and who introduced me to the rubber community in New England. At the time, I was going through a difficult time in terms of my mental health and self-acceptance, and he invited me to attend my first Mr. New England Rubber event in Provincetown, where I was shocked at how mature and friendly the community was. I had no idea that such a large scene existed in New England and I quickly started attending other regional events such as Snowbound, also in Provincetown. After university, I continued to cultivate my fetish and expand my rubber collection (in addition to my spandex and neoprene collection), and in 2016 I decided to compete for the title of Mr. New England Rubber 2016. Later that year, as the representative of New England at Mr. International Rubber 2017, I was proud to bring the title home again to New England and to be the first international male fetish titleholder of Asian heritage.

Preston, a few years ago, the fetish scene in Brazil and its community didn’t show itself like it does now, with many people out and fighting for the cause. In your opinion, what explains these changes?

This is a difficult question! I think it’s a combination of two different trends. First, the Brazilian fetish community has established significant links with the international fetish community thanks to the work of the Brazilian leather community and important voices like Dom Barbudo and Rafael Maciel, among others, who traveled abroad to places like Berlin and Chicago and showed that the Brazilian community has so much to teach and offer to the world. Second, I believe that with the rise of homophobic sentiment around the world and the growth of the extreme right in Europe and the Americas, it is becoming ever more important that we are visible and proud of who we are. Though it is a mere coincidence, it is important that we are holding the first-ever Mr. Rubber Brazil contest just after the second anniversary of the Pulse nightclub shooting in Orlando and on the International Day of Latex.

Do you believe that the Brazilian fetish movement, being more active and visible, is a form of reacting and saying “we are here”, “accept us”, in times in which this country’s society is becoming more public with prejudice that was never hidden?

Yes. I believe that despite the fact that Brazil is home to the largest gay pride parade in the world in São Paulo and has a long history of marriage equality, society in many parts of Brazil remains very far behind. When I first lived in Brazil, which I consider my second country, I lived in a small city in Minas Gerais where conservative viewpoints remain common. It was shocking during the last election to see so many of my closest friends expressing their support for Bolsonaro, especially given that some of our mutual friends were gay and living in Minas Gerais. It’s time for us to show everyone, not just those of us who are fortunate enough to live in São Paulo or Rio de Janeiro, but most importantly those who live in rural areas in Tocantins or Mato Grosso do Sul or Bahia, that we are here to support them and that we will never hide. It is my hope that they will see us online and know that they are not, and will never be, alone.

We see the leather movement as having a lot of energy and see many new faces in our meetups; how do you see the rubber movement changing after Mr. Rubber Brazil?

My hope is that the rubber community becomes more visible as an important voice in the greater Brazilian fetish community and that rubberists in Brazil become more actively visible. I still remember during my visit to São Paulo last year for the Rubberzone party, where Luh Rocha and others were demoing vacuum play, the energy was high, and there was a great deal of excitement about the future of the rubber community in Brazil. I believe that the rubber community will experience the same growth and evolution that the leather community has undergone in Brazil. My hope is to see more meetups, more parties, and more bar nights throughout São Paulo’s fetish scene and also in other Brazilian cities. I also hope that this contest will lead to many new faces appearing in rubber events and other fetish events in São Paulo, including at the upcoming São Paulo Fetish Pride.

More importantly, I hope to see the kind of development that has been difficult for many communities to achieve in terms of not only having a good time and enjoyable play but also understanding the experiences of new fetishists and welcoming them into the fetish scene. The visibility that a contest and title provide is among the most effective ways for new people to feel that they have a figure that they can confide in and a role model that they can take inspiration from.

Why is the election of the first Mr. Rubber Brazil important?

A true election solidifies a fetish community as having enough maturity and as being sufficiently well-developed to have a significant presence behind it. The Emborrachados, the Brazilian Rubbermen group, has experienced a great deal of growth over the last several years ever since my visit to Brazil as Mr. International Rubber 2017. I still remember the excitement surrounding my visit to São Paulo in August 2017 and the enthusiasm that came from the first-ever rubber party that was held at the Eagle São Paulo. That night, attendees came from not only São Paulo and the interior of São Paulo but also from Espírito Santo and from Minas Gerais, which was remarkable and showed an incredible energy in the Brazilian fetish scene at the time. The first election of Mr. Rubber Brazil will show that Brazil is one of the important nexuses of fetish in the world and especially one of the most rapidly growing communities in the world.

What do you expect to happen after this event in Brazil?

Many know that my mission during my title year as Mr. International Rubber 2017 was to rubberize the world (#RubberizeTheWorld). Among my most important goals was to expand the international rubber community to places where it had never been before. I was the first MIR titleholder to visit Taiwan, Poland, Mexico, Australia, and Brazil, among other countries without official events such as India. However, Brazil in particular has a very special place in my heart, because I lived in Minas Gerais as a teenager and taught English classes in northern São Paulo. My dream to grow the rubber communities in Mexico and Brazil is now achieved and my mission is now complete. My hope now is to continue to transfer all of my knowledge and my experience to the Brazilian rubber community so that we can take the foundation we have built and continue building on top of it. I know that together with my co-producers, Marc Vini and Guto Lemos, we will continue to make sure the event remains in good hands.

I have always believed that the most important role of a titleholder is to enable others to do what they did not know they could achieve before and to support them as they develop themselves and their communities. The amount of growth and maturity I’ve seen in the Brazilian rubber community and particularly in the Emborrachados group is nothing short of miraculous. I expect that the entire community will now contribute more endeavors towards organizing events and meetups, contests and outings on the streets, in addition to the play sessions and private parties already common in Brazil.

You, Dom Barbudo, Dom PC, Guto Lemos, Fabricio and Ricardo, and others in the Brazilian fetish scene are trailblazers in the Brazilian fetish movement. What future and results do you hope to see in a few years?

I’m utterly speechless and deeply humbled to be included in such an incredible list of trailblazers in the Brazilian fetish community, especially as someone who is not of Brazilian background but considers Brazil his adopted country. When I see what the fetish community in Brazil has achieved over the last several years, my eyes begin to well up with tears. I would be remiss not to mention the incredible work of everyone in the Emborrachados group, including its maintainers Luh Rocha, Marc Vini, and Ricardo Lima, who have all guided the organization so effectively over the years. What we have achieved together is an inspiration not only to new communities but also to established communities who now see our unique Brazilian take on fetish.

The future of the Brazilian fetish community is bright and shiny, thanks to what those before us have done and what we continue to do today. My hope is that Brazil is seen as an important nexus in the global fetish community. I would love to see São Paulo considered a destination on the level of Berlin, Amsterdam, Paris, Chicago, San Francisco, and New York. As the largest city in both Americas, São Paulo holds great promise as the center of fetish in South America and an essential destination in Latin America in general, alongside Mexico City. My dream, which I now believe will be achieved in only a matter of years, is that we see more foreign visitors, more contests, more newcomers, and most importantly, more Brazilians entering the fetish community here with the confidence and support to make just as big an impact as we have over the last few years. My hope is that one day, sometime in the future, the fetish community in Brazil is just as rich and multifaceted and diverse as the national community in the United States, Canada, the United Kingdom, or Germany.

You showcased various famous fetishists as guests and judges for Mr. Rubber Brazil 2019. What was the process of choosing them? Did they accept quickly?

We as an organizing team made several important decisions about the judging panel that would ensure that judges were representative not only of the diversity of the Brazilian fetish community but also important voices from around the world. First, we knew that we wanted to have the majority of judges be from Brazil, as it is important for a national contest to focus on the local community. We are over the moon to have the involvement of important voices in the Brazilian community like Heitor Werneck, Guto Lemos, Rafael Maciel, and Morgana Marone, all of whom have done incredible work to increase the visibility of the fetish community in Brazil. Our other judges, who were vetted and selected from a shortlist of international fetish community leaders, are representative of both Americas and demonstrate the deep connections between Canada, the United States, and Brazil. Meanwhile, we have tallymasters who represent both the rubber and puppy communities.

Second, we decided early on to ensure that the judging panel would be diverse with regard to gender diversity. Morgana was among the very first to introduce rubber to a wider audience in Brazil as a dominatrix and latex evangelist, and we felt it was absolutely necessary to welcome her as a judge. All of the judges accepted almost immediately and were excited to participate in the first-ever Mr. Rubber Brazil contest. Our judges represent an incredible cross-section of the Brazilian fetish community, and we could not be happier with the result.

What attributes do the candidates for Mr. Rubber Brazil 2019 need to have to be a representative of the community?

Many people have the misconception that to be a successful rubber titleholder, you need to have lots of gear, travel around the world, and perform extensive charity work. However, just being a titleholder in and of itself is an important way to contribute to the visibility of the fetish community. I’ve always said that you don’t need a closet full of gear or a bank account full of money to represent your community. In fact, those who don’t have those things tend to be much more responsive to the needs of the community and the unique ways in which marginalized groups and minorities deal with oppression. I’ve judged contests where the winner only wore one piece of gear through every stage of the contest but was so impressive during the interview round and during the other stages that there was no question that they could represent the entire fetish community. The most important characteristics that a candidate for Mr. Rubber Brazil needs to have is a willingness to be visible, a kindness to those who are less fortunate, and an ability to talk about and share their fetish with anyone they meet.

Another dimension of the Brazilian community that is unique is that we are spread across a country that is vast and impossible to travel quickly in. We have already received criticism that both the leather and rubber contests are located in São Paulo. But I always emphasize that titleholders should do what they are able to within the resources they have. If it means that they spend their entire year in their hometown and spread fetish locally, that is still an important way for titleholders to contribute to their national communities. No matter how small or large, every contribution makes a difference.

Many people would like to have rubber pieces, but they can’t always obtain or pay for clothing because of the cost or, as is said, lack of options in Brazil. What advice would you give to those who don’t know where to start or where to buy it?

Unfortunately, this is one of the issues that most saddens and worries me about the challenges that the Brazilian fetish community faces. Beyond fetish products being difficult to find and expensive to purchase, Brazil is also a challenging place for businesses around the world to access. For example, our hope as the Mr. Rubber Brazil team was to invite several international brands to set up pop-up shops for the event, but because almost no large fetish brands ship to Brazil, this was impossible. Nonetheless, one of the most amazing things about the Brazilian rubber community is how willing they are to share their gear and help others experience the sensation of rubber without having to spend thousands of reals on a package that may never arrive or a trip to a faraway destination where costs can be prohibitive.

My recommendation to those who wish to purchase rubber gear but cannot access other countries is to first ask for help within the local rubber community and see whether there are fetishists who are selling their clothes. For me personally, I also am always happy to bring orders of rubber with me to Brazil from European or North American brands that ship to the United States, and I’ve done this several times. There is a bit of a debate about the limits of living in Brazil in the Emborrachados group, with some supporting the notion that one should always be willing to spend money to satisfy one’s fetish. I do agree that fetish requires significant investment and that it isn’t something to deny, but I also believe that we need to be willing to share and offer others the chance at the same first-time experience that changed all of our lives forever.

Leave any thoughts you have for the readers of Blubr.

It has been an absolute joy and pleasure to watch the Brazilian fetish community grow over the last several years. Now, it’s your turn. We cannot do this alone, and there is always more work to do to ensure that we are visible and have a seat at the table, whether it is acceptance in the LGBTQ+ community or acceptance in wider society. Next time you think about opening your app just for a quick hookup, think instead about what you can do to enrich your community and improve the outcomes of your local fetish community. Consider going out to your local gay bar in rubber, as one of the Emborrachados recently did in Florianópolis, to great interest. Get to know the people who live around you not just as potential sex partners or play partners but more importantly as friends and community members who all have something to contribute, who all have something to give to a community that can be greater than the sum of its parts and is ultimately more important than any single individual. Fetish is not just about sex; it is also about community, and we can never forget this.

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