Uma dupla com piano e flauta realiza um recital de música do compositor romântico Edvard Grieg para um público atento. Mas, ao contrário da maioria dos concertos de música clássica, tanto os músicos quanto o público ouvinte estão vestidos inteiramente de couro.
O organizador deste sarau, Tyrone Rontgagner, não pode estar mais orgulhoso de reunir nesta Igreja cerca de cem membros da comunidade queer, mostrando seu amor por tudo que é couro, de polainas e suspensórios a máscaras e coletes.
“Muitas pessoas pensam que a cena do fetiche tem tudo a ver com sexo, mas são apenas as roupas que vestimos”, disse Rontgagner no evento “classic meets fetish”.
“É apenas outra forma de se expressar, como a música. A música une as pessoas exatamente como o couro”, diz o ativista LGBT de longa data.
Para o evento ele tem a benção do ministro, Burkhard Bornemann, assumidamente gay e figura ativa na comunidade local no apoio a dependentes químicos e prostitutas.
O público, quase exclusivamente masculino, não é, em geral, frequentador regular da igreja.
“Religião? Não para mim”, confessa Pup Luppi, um homem de cinquenta e poucos anos com um macacão de couro e um rabo de cachorro balançando.
“A música clássica, por outro lado, me acalma e, como o BDSM, é uma espécie de jogo em que a emoção aumenta e diminui”, diz ele.
– ‘Berlim típica’ –
“No início foi um pouco estranho para mim, mas acho ótimo”, diz Ronald Hartewig, que se parece muito com Victor Willis do grupo de discoteca Village People em seu uniforme de policial.
Os músicos, entre eles um organista e um violinista, seguem o código de vestimenta enquanto tocam interpretações de “Valse and Romance” de Rachmaninoff, “Sabre Dance” de Aram Khachaturian e mais Grieg.
“É divertido estar todo em couro ao invés de um terno. Isso permite que você construa uma ponte entre a comunidade gay e nossa vida cotidiana como músico”, diz Eric Beillevaire, um cantor baixo-barítono.
“É um prazer voltar a apresentar-me perante um público depois de tanto tempo”, acrescenta, ao mesmo tempo que assinala que a escolha do local é “típica de Berlim”.
Localizada no bairro de Schoeneberg, o centro da cena gay de Berlim, a Igreja dos Doze Apóstolos não é um local de culto como qualquer outro.
Também conhecida como “Gin Church”, suas janelas foram doadas pela destilaria local para substituir as destruídas durante a Segunda Guerra Mundial e são consideradas monumento histórico.
Com informações de France24
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